Originário de Casca, Região Norte do Rio Grande do Sul, sempre carregou consigo determinação arrojada de descendência italiana para construção o Brasil. Nascido em 26 de novembro de 1912, deixou suas marcas por onde passou. Inicialmente em terras gaúchas. No entanto foi na Região Oeste do Paraná que começou a sulcar pegadas de realizações ainda mais surpreendentes. Desde que faleceu aos 91 anos em 2004 em Foz do Iguaçu, tivemos a intenção de reescrever sua história. Chegou a oportunidade de homenageá-lo postando sua trajetória de vida em nosso site, pois o consideramos visionário que lançou sementes de realizações, muitas delas concretizadas e outros que poderão se tornar realidade.
Essa breve história de sua vida deve-se também ao carinho e reconhecimento que sempre teve com o nosso trabalho profissional jornalístico-histórico. Não passava por Medianeira, que sempre nos fazia uma visita de incentivo (Jornal Mensageiro/ Revista Mosaicos). Estivemos presentes em momentos importantes de sua visão para Foz do Iguaçu e Tríplice Fronteira (integrando comissões) para construir a ponte de ligação Brasil-Argentina que se tornou realidade- inicialmente batizada de Ponte da Fraternidade, depois Ponte Tancredo Neves, da mobilização para construir a Catedral Nossa Senhora de Guadalupe e do arrojado projeto para ser criada a Universidade Latino- Americana- UNILA . Dentre outros tantos sonhos e lutas, estudo de viabilidade da ligação ferroviária Paraná com o Pacífico para fazer conexão com o Oriente, sem fazer todo o longo contorno pelo Atlântico. Hoje governantes e sociedade começam a se interessar pelo assunto. Por isso e por outros tantos motivos, registramos um pouco dessa personalidade sonhadora, visionária e realizadora.
Ainda em sua terra natal deu mostras de seu dinamismo comunitário. Participou da criação do hospital local, da construção da igreja matriz e iniciou uma batalha com mais lideranças para que a ligação da estrada entre Porto Alegre- Passo Fundo passasse por Casca. Despertou também as autoridades, como bom topógrafo, para o traçado da ferrovia tronco Porto Alegre- Passo Fundo que poderia ser encurtado 33 km se fosse construída pelo Vale Guaporé- o que acabou acontecendo.
Veio conhecer a Região Oeste do Paraná em 1950 passando por Barracão, entrou na Argentina e via Puerto Iguazú chegou a Foz do Iguaçu hospedando-se no Hotel Pedro Basso. Na Terra das Cataratas os primeiros contatos foram com Acácio Pedroso e Flávio Azambuja Marder. Sua primeira intenção era instalar uma rodoviária e passar a morar nessa terra, pois se encantara com a maravilha das Cataratas. Conheceu o espetáculo das quedas indo até lá a cavalo com o companheiro Júlio Mascarenhas. Tinha a intenção de retornar em breve. Depois de uns dias em Foz passou por Céu Azul, Cascavel rumo a Curitiba onde se encontrara com o governador Bento Munhoz da Rocha com o intuito de implantar uma Colonizadora no Oeste, mas como a maioria das terras tinham documentos imperiais e se encontravam em litígio com o Estado e por não receber o apoio necessário acabou desistindo, indo se fixar em Maringá com o seu filho Hélio para se dedicar em loteamentos no Vale do Avaí. Concluída sua missão no loteamento, retorna ao Oeste e acertou com Alfredo Ruaro para trabalhar na Colonizadora Pinho & Terras do Grupo Dalcanale indo morar em Palotina. Nesse lugar enfrentou muitos conflitos de posse de terras. Mesmo assim cumpriu sua missão, lutando também pela viabilidade de ser instalada em Guaíra Usina Sete Quedas em parceria com investimentos japoneses para atrair indústrias com o baixo custo da energia- uma ideia que não saiu do papel pela burocracia e também resistência não só do Brasil como do Paraguai; além da sonhada ponte que ligaria o Paraná com Mato Grosso do Sul que somente foi construída na década 90 pelo então governador Jaime Lerner denominada Ponte Ayrton Senna.
Pela sua dedicação às causas desta região foi eleito por duas legislaturas vereador, um por Guaíra e outra por Palotina liderando junto a órgãos competentes a primeira ligação rodoviária Palotina-Iporã e balsa para travessia do Rio Piquiri. Fez parte da comissão em Céu Azul que criou a Paróquia e o Mosteiro das Irmãs Carmelitas: das dioceses de Toledo e de Foz do Iguaçu e neste município também a Cohafronteira.
Sempre sonhou em morar na Terra das Cataratas e acabou acontecendo na década 60 com a liderança do filho Sady que morava em Foz do Iguaçu e tinha uma empresa Exportadora de Pinho Araucária exportando para a Argentina. Junto aos irmãos Hélio, Felíx, Adolar e Lívio surgiu a Paraguaçu de Automóveis Ltda. -revenda Volkswagen e em seguida também com o filho Luciano e os irmãos foi fundada a empresa Bordin Materiais de Construção Ltda. Na década 70 os filhos Sady e Felix rumaram para Curitiba para conduzir as indústrias Lamisul (laminação), Guelman (móveis) e posteriori o Grupo Empresarial Barigui. Uma de suas lutas destaque para a Tríplice Fronteira foi para construção da ponte Brasil-Argentina. O primeiro pedido deu-se em 1969 ao ministro dos Transportes Mário Andreazza quando inaugurou a BR-469 Foz do Iguaçu- Cataratas. Ele teve atuação ímpar junto a uma comissão bilateral, até que a ponte se tornou realidade. Fez parte da mobilização pró-reabertura da Estrada do Colono com a esperança da via continuar sendo um elo histórico da colonização. Ocupou o cargo de Conselheiro e diretor da Santa Casa Monsenhor Guilherme com dedicação integral conseguindo funcionalidade e instalações exemplares.
DISTINÇÕES – Sempre teve reconhecimento por onde passou, agraciado com o Título de Cidadão Benemérito de Casca, de Comendador e Cidadão Honorário de Foz do Iguaçu, Cidadão da Paz pelas Nações Unidas, Cidadão Benemérito de Céu Azul, Medalha da Ordem do Rio Branco e homenageado sócio fundador pela Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu. O Largo Antonio Bordin de Curitiba exteriorizou o reconhecimento do Estado do Paraná a essa personalidade. Situado a saída de Curitiba (PR) para a BR-277 sentido interior no cruzamento das ruas Padre Agostinho e Mário Tourinho (em frente Barigui Veículos). Praça construída em 2004 pelo então prefeito Beto Richa evidenciando um jardim vertical de cerca de 12 metros com plantas nativas de vários tamanhos e cores que formam uma torre florida.
FAMÍLIA- Contraiu matrimônio 1932 com Pierina Sabadin com quem teve sete filhos Hélio, Sady, Luciano, Félix, Davina, Adolar e Lívio. Ficou viúvo em 1947 e somente em 1965 casou-se novamente com Estelina Maria Biazus que lhe deu o filho Vicente. Viúvo pela segunda vez, casou-se com Ivone Thrun que o acompanhou até os últimos dias de sua vida. Os laços de família voltados para o amor, trabalho, honestidade, responsabilidade e solidariedade continuam como alicerces de geração a geração. Ele faleceu em 18 de julho de 2004, aos 91 anos. Deixou para posteridade uma história de feitos que serão sempre lembrados. (Da Redação Mirtis/ Pesquisa)
ANTONIO BORDIN NOS DEIXA UMA LIÇÃO DE VIDA, UM LEGADO DE LUTA, PERSISTÊNCIA, ACIMA DE BANDEIRAS POLÍTICAS- SEMPRE EM PROL DO BEM COMUM
Surgiu meu interesse por procurar histórias sobre antecedentes da família, digitei esse nome que também era do meu avô, fiquei muito contente em saber da história desse visionário e quem sabe não é também parte da família!?! Parabéns pela história contada 👏👏
Muito bacana !!!
Bela história desse pioneiro. Eu o entevistei algumas vezes na redação do jornal O Estado do Paraná, na década de 1970. Bordin veio muitas vezes ao jornal defendendo interesses da região Oeste e do Paraná. Visionário, conhecia os problemas e apontava soluções, muitas tornadas realidade graças ao seu empenho e determinação.