Jairo Eduardo, editor do Pitoco, sempre nos transporta numa áurea do pessoal x jornalismo que resulta em sua identidade de linguagem própria. Ele que foi nosso colega da primeira turma do curso de Jornalismo da UNIVEL e é colunista do Jornal Mensageiro há mais de década, oportuno postar um Jairo Eduardo com sentimento na partida da esposa Laidir:
“Eduardo, você jantou?”
intensidade e brevidade traduzem a vida de uma grande mulher
Laidir me tratava assim, pelo segundo nome, desde sempre, já que meu pai também é Jairo. A pergunta sobre a refeição era dirigida com frequência para meus filhos, João Eduardo e Luís Eduardo, e, de resto, para qualquer visita que recebêssemos. Essa preocupação traduz com perfeição como ela agia no seio familiar: mãe, esposa, mulher protetora, companheira de todas as horas. Uma leoa para defender a família. Mesmo que eu estivesse errado – e muitas vezes estive – ela me defendia com bravura.
Nosso jornal chega hoje à edição de número 2.201. Destas, a Laidir participou diretamente na área comercial, administrativa e na diagramação de 2.197. Mesmo já fragilizada, diagramou a edição do último dia 17 de maio.
Conheci-a na redação da extinta TV Carimã. Ela chegara havia pouco de Nova Prata do Iguaçu, sua cidade natal. Implicavam com a Laidir pelo sotaque étnico/ roceiro da jovem filha de italianos com alemães. Naquele período ela mesclava a função no jornalismo, editora de imagens do telejornal, com a tarefa de babá dos filhos da Iloni, nossa chefe do departamento.
Para a Laidir, não havia nenhum problema nisso. Uma de suas marcas fortes é a humildade, a simplicidade. Mesmo depois de vitoriosa em sua vida profissional e empresarial, prosseguiu assim. Tratava os nossos funcionários como amigos, colegas de trabalho, de igual para igual.
Nunca temeu o trabalho. Se fosse preciso atravessar a madrugada na redação do jornal, ela o faria.
Laidir viveu 55 anos e três meses intensos. Fazia várias coisas ao mesmo tempo. Porém, apesar da brevidade, ficamos mais tempo juntos que casais com meio século de relacionamento. Afinal, trabalhamos juntos, a dois metros de distância, por quase três décadas.
– Eduardo, você jantou?
– Sim querida, sua presença em minha vida me saciou plenamente por toda minha existência. Obrigado, Laidir! Em tempo: o que posso compartilhar desta experiência dolorosa com você leitor (a)? Não deixe o elogio, o reconhecimento, o abraço e o beijo para amanhã. Não deixe as flores para as datas especiais. Supra carinho, atenção e amor àqueles que estão ao seu lado.
A nenhum de nós estão assegurados os próximos 15 minutos. Diga hoje, agora, para a pessoa que está contigo, que você a ama. O passado já foi e o amanhã está coberto ainda pela densa névoa da incerteza… Só o que vale é o hoje, o agora, o presente…
(Jairo Eduardo, editor do Pitoco)