AVENIDA PASSAR PELA PRAÇA SEM ALTERAR A ESTRUTURA

Era o ano de 1989, que um dos pioneiros de Medianeira, Antônio João Cassânego idealizou um projeto para dar continuidade da Avenida Brasília passando pela Praça Angelo Darolt, sem alterar nada de sua estrutura urbanística. Somente o corte de algumas árvores, conforme registro no Jornal Mensageiro edição 546 de 19/05/1988. Seu Cassânego aqui chegou em 1951 e nunca se conformou como tantos outros medianeirenses, com a interrupção da Avenida Brasília, que travava o desenvolvimento do outro lado da praça. A cidade só crescia de um lado e não havia perspectivas de investimento.

Inconformado com a situação e muito criativo, idealizou uma maquete que refletia as aspirações da coletividade. Com toda sua simplicidade e não ter formação na área tornou realidade a maquete (foto), que teria uma elevada sobre a praça de 10 metros de comprimento por 7,40 de largura. Seriam duas pistas para tráfego de carros e com passarelas laterais para pedestres, além de um túnel que permitiria a integridade da praça e passagem de um lado para outro com segurança.

Para ele, Medianeira seria outra cidade com a ligação da Avenida Brasília. Se tornaria mais atrativa e aumentaria as perspectivas para surgir mais espaços comerciais, além da valorização dos terrenos. Seu entusiasmo era tanto com a possibilidade de concretizar o sonho que registrou a maquete em Cartório sob nº 7.274 em 10 de novembro de 1988, defendo as seguintes considerações.

1º Considerando que a Av. Brasília tem seu maior fluxo de veículos, pessoas e comércio somente da Br-277 até a Praça;

2º Considerando que a Av. Brasília não vai até a Praça e sim em toda sua extensão norte-sul;

3º Considerando que justamente o fato de não existir uma passagem no meio da Praça que permita o tráfego de veículos e de pessoas, contudo sem prejudicar a atual estrutura existente;

4º Considerando que o local de diversão das crianças na Praça no sentido leste, em nada será alterado, ou seja, continuará da mesma forma que está. Da mesma forma, a parte superior da Praça, no sentido Oeste também continuará sem alteração, apenas com a inclusão de novo palco (coreto) com a finalidade de oferecer uma maior visualidade, por ocasiões de promoções, que por ventura forem realizadas.

5º Considerando finalmente que muitos empresários não se estabelecem nesta área, justamente pelo fato da Praça interromper a continuidade do tráfego de veículos e pessoas, não permitindo, com isso o desenvolvimento normal da cidade.

  A luta desse medineirense pela causa comunitária, na época, emocionou muita gente e todos se surpreenderam com os detalhes da maquete. Seu sonho não se tornou realidade, mas serviu de inspiração anos mais tarde, no final da década 90 e nos primeiros anos do século XX , quando a mobilização da sociedade exigiu a travessia da Avenida Brasília. O poder público municipal para atender pedido, realizou em 25 de julho de 1999, por decreto, uma Consulta Plebiscitária indicando dois modelos a ser adotado na reestruturação da Praça Angelo Darolt. Um seria um Calçadão com bancas de revistas, quiosques para cafezinho e guloseimas, biblioteca, casa do artesão, espaço de lazer/ esportivo e parquinho,  sem passagem de veículos. A segunda opção com passagem de veículos, duas pistas que dividia a praça em duas partes, espaço de lazer e esportivo e parquinho. O projeto vencedor foi o segundo com passagem de carros, como se apresenta hoje, com os complementos visualizados. No entanto, muito diferente do projeto do pioneiro Antônio João Cassânego. Só que ninguém poderia imaginar que as árvores seriam todas tombadas, muitas delas nativas, sob o argumento que estariam com vida útil esgotada. É o que se vê hoje. Praça Angelo Darolt, com pouca arborização, muito concreto, sem coreto. E mais um detalhe, sem banheiro público e espaço físico adequado para pequenas exposições, feiras de artesanato ou outras criações de arte em geral. O que se conclui, é que a modernização, nem sempre respeita o passado e não avalia de maneira ampla o uso do espaço público. (Da Redação Mirtis/Pesquisa e Fotos Arquivo Mosaicos)

Antônio João Cassânego com a maquete sonhada e idealizada (Fotos Arquivo Mosaicos)

No Plano Urbanístico de Medianeira, desde sua fundação, fora definido a Praça Central denominada de Praça Angelo Darolt que sinalizou a confluência de duas avenidas Avenida Pedro Soccol e Avenida José Callegari em forma de “X”.

Por apelo da classe empresarial e população para que a Avenida Brasília tivesse continuidade, o Poder Público Municipal realizou Consulta Plebiscitária para opção de um dos dois projetos apresentados. Diante do resultado mãos a obra, primeiro passo o corte de todas as árvores.

Praça Ângelo Darolt depois de urbanizada fragmentou o espaço em duas partes.A parte leste para lazer esportivo e a oeste para contemplação com canteiros emoldurados por colunata da arquitetura pós-moderna com detalhes do estilo romano

OBS. Dos “Projetos Ousados”, dois foram concretizados anos depois, bem diferentes dos  primeiros projetos  sonhados/idealizados. O da Praça Angelo Darolt urbanizada e do Parque Ipê que deu lugar ao Parque 25 de Julho. 
Obs. Se alguém souber de algum Projeto Ousado que não saiu do papel, nos comunique mirtis@revistamosaicos.com.br

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *