As reminiscências guardadas de 1973 afloraram ao chegar a Viçosa (AL), encravada na Zona da Mata nordestina, distante 86 quilômetros de Maceió- percurso ladeado por plantação de cana-de-açúcar e algumas fazendas de gado. Aportamos na Praça Izidro Vasconcelos (a mesma praça da época) pontilhada por amendoeiras próxima da extinta ferrovia RFFSA. Passou um filme retro quando da chegada. Lá estivemos com um grupo de universitários do Rio Grande do Sul quando cursava Letras em Lajeado para dinamizarmos projetos em áreas específicas. Logo chamou atenção obras de arte na calçada em frente à praça do artista Ronaldo Aureliano da Silva que utilizou material de sucata da Rede Ferroviária. Onde funcionava a Prefeitura que nos acolheu e deu todo o suporte funciona a Secretaria da Cultura, Esporte e Turismo. Ao adentrá-la a recepção pelo Secretário da pasta Jáder Costa Tenório que nos brindou com livro histórico do município de autoria de Alfredo Brandão editado em 1914, agora reeditado preservando a ortografia original-obra que serviu de referência para o livro Casa Grande de Senzala de Gilberto Freire.
Mesmo rapidamente, percorremos a cidade passando pela ponte sobre o Rio Paraíba até chegar a Praça Apolinário Rebelo que evidencia um coreto e escultura do músico Zé do Cavaquinho (que fora amigo de Teotônio Vilela). No entorno da praça se encontra a Prefeitura, a Igreja Nossa Senhora do Rosário- uma das primeiras igrejas. Não poderíamos deixar de rever a Usina de Açúcar pertencente à Família de Teotônio Vilela, hoje desativada. No lugar um Haras e Fazenda Boa Sorte.
Em terras viçosenses nasceram personalidades como o menestrel Teotônio Vilela (que dedicaremos em nosso site reportagem especial) e seu irmão Cardeal Primaz do Brasil Dom Avelar Brandão Vilela. Ali viveu e inspirou-se para escrever São Bernardo o escritor Graciliano Ramos; é de Viçosa o primeiro tradutor brasileiro do Manifesto Comunista, o militante Octávio Brandão, como também os poetas Manoel Neném e Zé do Cavaquinho que unidos a Théo Brandão, José Aloísio Vilela, José Pimentel Amorim e José Maria de Melo criaram a Escola Folclórica. Nesta terra, na Serra Dois Irmãos, também tombou o líder guerreiro Zumbi dos Palmares. São essas referências e outras tantas que fazem de Viçosa um berço cultural e histórico. (Da Redação Mirtis)
Fui a Viçosa AL, achei tudo largado, prédios mal conservados, ruas inteiras ainda com paralelepípedos, ruas esburacadas, calçadas irregulares, nada funciona direito, os espaços culturais mal cuidados e fechados. A cidade parou no tempo e no espaço. Só tem um restaurante, mais nada, uma decepção para mim que pensei que a terra onde nasceu meus pais fosse bem administrada. UM HORROR…