O ruído rítmico das bate-estacas é uma trilha sonora que acompanha o nascimento de uma estrutura monumental no coração do Pantanal. Aos poucos, o concreto começa a dar forma à alça de acesso que ligará a BR-267 ao vão principal da Ponte Bioceânica. No sábado, 18, a cena era de frenesi no canteiro de obras: trabalhadores, equipamentos e toneladas de material em movimento, compondo o quadro de um projeto que promete revolucionar o transporte entre o Brasil e o Oceano Pacífico.
Com 13,1 km de extensão, a alça é mais do que uma simples ligação rodoviária. É um símbolo do que a Rota Bioceânica representa: uma nova espinha dorsal logística que atravessa continentes, ligando produtores de grãos do Centro-Oeste a consumidores asiáticos, passando por Paraguai, Argentina e Chile. A ponte, cujo investimento na alça é de R$ 472 milhões, é um passo concreto em direção a um futuro de integração econômica e cultural.
A dança das máquinas – No canteiro, o ritmo frenético das máquinas de bate-estaca contrasta com a quietude típica da paisagem pantaneira. Cada vão de 20 metros entre os pilares avança um pouco mais em direção à conexão com o Paraguai, enquanto trabalhadores supervisionam cada detalhe do processo.
A estrutura, contratada pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), está planejada para suportar o peso não apenas de caminhões carregados com grãos e minério, mas também das expectativas de uma América do Sul mais conectada.
Impacto local: da BR-267 ao mundo – Porto Murtinho, o município brasileiro na margem da ponte, é um microcosmo dos impactos dessa obra. Desde a chegada das primeiras máquinas, a economia local sentiu o efeito imediato. Hotéis, restaurantes e pequenos comércios agora têm clientes em filas, vindos dos arredores e de estados vizinhos.
Uma ponte que atravessa fronteiras – e conceitos – Mais do que um projeto de engenharia, a Ponte Bioceânica simboliza o abandono das fronteiras geográficas em nome da cooperação regional. Para o Brasil, ela consolida o Mato Grosso do Sul como protagonista no comércio internacional; para os países vizinhos, é uma rota para acessar mercados distantes sem depender das vias marítimas tradicionais.
Além de reduzir o tempo e o custo de transporte, a ponte promete impulsionar o turismo e facilitar trocas culturais. (A Crítica de Campo Grande)